NA SENDA DA (RE)PRODUÇÃO SOCIAL: PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS E QUALIDADE DE VIDA
Resumo
Este artigo se baseia num estudo de cariz comparativo realizado em quatro organizações de formação e reabilitação profissional de pessoas com deficiência intelectual sedeadas no Norte de Portugal (duas) e na Região Autônoma da Galiza - Espanha (duas). A partir da pesquisa desenvolvida, procura-se compreender e explicar a ação dos agentes dessas organizações, atendendo às práticas com que pretendem desenvolver a autonomia dos seus formandos e futuros trabalhadores, em dois domínios próprios das dimensões de autodeterminação e vida independente que integram o conceito de Qualidade de Vida: usufruto dos tempos livres e mobilidade no espaço público. Para efeito, mobilizam-se alguns dos principais conceitos da Teoria da Estruturação de Giddens, tendo como principal objetivo compreender e explicar as consequências das práticas dos agentes organizacionais no seu contributo para a reprodução ou a transformação do sistema de regras sociais sobre a deficiência. Metodologicamente, recorre-se aos testemunhos de vários atores (pessoas com deficiência intelectual, seus amigos, colegas de trabalho, familiares, empregadores, formadores, diretores das organizações e especialistas em reabilitação profissional), recolhidos por entrevistas semiestruturadas e inquéritos por questionário. Os resultados obtidos apontam para que agentes das organizações de reabilitação do Norte de Portugal exerçam a agência, no sentido das suas práticas tenderem para a reprodução do sistema de regras sociais da deficiência, em contraponto ao que acontece em Galiza. Nesta região, as práticas dos agentes das organizações de reabilitação profissional tendem a questionar o socialmente instituído, contribuindo, sobretudo, para a transformação do sistema de regras sociais da deficiência, em aproximação aos ideais da inclusão social, determinados pelos conceitos autodeterminação e vida independente.
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